Se a região é tão procurada por turistas porque não desafiar quem cá vive a descobrir os seus encantos.
Quando se fala nas potencialidades da região uma das que é normalmente citada é o turismo. Quando se fala em gozar férias o que é bom para os turistas parece já não interessar a quem cá vive. A situação é normal. Não acontece apenas no Ribatejo. Acontece em quase todos os destinos turísticos, sejam nacionais ou internacionais. O que está perto é rejeitado por princípio. O que nos atrai é o longínquo mesmo que isso implique mais despesas e por vezes mais problemas e menos qualidade.
À porta de casa temos praias fluviais de alta qualidade, algumas com bandeira azul há anos; temos um aquaparque dos melhores do país em Santarém; temos monumentos que figuram em qualquer lista de maravilhas arquitectónicas, como o convento de Cristo ou o Castelo de Almourol, só para citar os mais emblemáticos; temos uma rica gastronomia; excelentes vinhos; cruzeiros no Tejo; festas tradicionais que rivalizam com as mais bonitas e conhecidas, como a dos Tabuleiros em Tomar que este ano se realiza; espaços naturais diversificados para quem gosta do contacto com a natureza.
Cidades como Santarém, Tomar, Torres Novas, Abrantes, recebem milhares de estrangeiros durante o Verão. Eles extasiam-se com o que temos e nós fechamos os olhos ao que nos rodeia pensando que aquilo de que necessitamos para umas boas férias só se encontra à distância de muitas horas de viagem. Alguns podem dizer que já conhecem suficientemente bem a região outros apenas acham que a conhecem por transitarem anos e anos seguidos pelas estradas a caminho do trabalho ou em serviço. Uma coisa é passar diariamente por um local. Outra diferente é entrar e usufrui-lo com calma, num dia de férias ou de descanso. Uma coisa é ver o Tejo ao longe. Outra bem diferente é percorrê-lo em certas zonas num barco tradicional, por exemplo.
Com tantas incertezas sobre o que nos reservam os próximos anos é natural que estejamos menos disponíveis para fazer aquelas férias longínquas que tínhamos programado. Os economistas dizem que uma crise pode ser um momento de boas oportunidades. Pois bem, a ideia não é apenas válida para os negócios. É válida para as nossas vidas. Se umas férias são um espaço de aventura e descoberta, esta é uma boa altura para descobrirmos o que é nosso e está tão perto.